quinta-feira, 20 de maio de 2010

A Falência não é assim tão má

A julgar pela quantidade de testemunhos públicos a alertar para a possibilidade de falência de Portugal e para as terríveis consequências que tal situação acarretará, presume-se que a dita seja um fenómeno absolutamente devastador pondo em causa a própria sobrevivência do País (enquanto tal, pelo menos…). Esta apreciação não podia estar mais longe da verdade. Na sua edição de Abril de 2010 a Monocle (uma revista dirigida pelo génio criativo Tyler Brûlé que recomendo vivamente) tem um artigo sobre como a Islândia se está a dar no pós-falência. As conclusões são muito curiosas. Desde logo porque se verifica que o País continua a existir e os cidadãos continuam a ter uma vida “normal”. Os Islandeses reconsideraram os seus valores e voltaram às suas raízes mais ancestrais. Agora valorizam coisas como nadar no Árctico, pescar, fazer “crochet” (sim, leram bem); passaram a dar mais importância à sua comida e tradições gastronómicas; têm um Primeiro-Ministro mulher; têm dado particular atenção à cultura, etc. Também têm (re)descoberto a capacidade para inovar, lançando novas Empresas e conceitos (os desempregados num País falido têm mesmo de criar Empresas porque não têm qualquer garantia relativamente a se o Estado terá dinheiro suficiente para os sustentar). Resumindo, a Alice aconselha os mais pessimistas a deixar de se preocupar em demasia com a falência do País e a começarem a aprender a fazer tapetes de Arraiolos, a cozinhar as receitas da Maria de Lurdes Modesto, e a ouvir o fado novamente (ou, em substituição, a dançar o Vira ou o Malhão para não ser tão deprimente).