quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Expulsar os Melhores


O Chairman da Empresa Americana de capital de risco Sequoia Capital - Michael Moritz (MM) - faz, em artigo publicado no LinkedIn, uma lúcida contestação às políticas de imigração Americanas a que deu o título sugestivo de "Imigration Reform: Stop Ejecting the brightest minds from America".

MM demonstra preocupação pela saída dos EUA de estudantes estrangeiros licenciados por universidades americanas, com especial relevo para aqueles que têm graus superiores em ciências, tecnologia, engenharia e matemática.

A maioria destas pessoas até quer ficar nos EUA mas não podem devido às exigentes leis de imigração Americanas.

Para sustentar esta preocupação dá o seu exempo do Fundo Sequoia em que 7 das últimas 11 Empresas apoiadas por este Fundo têm imigrantes na sua lista de fundadores. Acrescenta que este fenómeno não é recente e tem sido uma característica do negócio já desde a década de 70.

A realidade é que as políticas de imigração nos EUA levam à expulsão de "know-how" do País, coloca problemas de recrutamento às Empresas e priva as universidades de académicos jovens e ambiciosos que produzem conhecimento (posteriormente aproveitado pelas Empresas).

Nas palavras de MM: "Na competição global por QI, os EUA estão a dar tiros nos pés."

Os leitores da Alice estarão a perguntar o que tal significa para Portugal. Significa que, na tal competição global, nós estamos não só a "expulsar" (ou a não atrair) os estrangeiros como estamos a "expulsar" os nacionais. A verdade é que a presente onda de emigração, ao contrário da que houve nas décadas de 50/60, está a fazer sair do País não só os trabalhadores indiferenciados mas também trabalhadores altamente qualificados.

É necessário inverter esta tendência. Definir quais os objectivos e aplicar políticas activas de atracção de pessoas é a única forma de o fazer. O Canadá criou um visto especial para empresários que querem lançar Empresas ("start-up visa") e o Chile tem programas especiais para atrair programadores. Acesso rápido ao mercado, fiscalidade atractiva e boas condições de trabalho são essenciais para esta aspiração. O bom tempo e animação já nós temos.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Negócio da China!


Hoje a Alice traz-vos a história de uma Empresa chamada Fun+.

Esta Empresa é Chinesa e faz jogos sociais para a Internet, sobretudo para o Facebook e tem tido um crescimento fantástico desde a sua criação nos longínquos dias de... Maio de 2010.

O que tem de especial? Adivinharam... Na China não há Facebook, está bloqueado (uma boa medida que o Estado Português ainda não se lembrou de implementar para aumentar a nossa produtividade... Na AR subiria em flecha!).

No entanto, tal não impediu que a Empresa crescesse e tivesse sucesso. Os membros da sua equipa têm obviamente acesso ao Facebook directamente para desenvolver os seus produtos mas os seus clientes estão todos fora da China (Europa, na sua maioria).

Aproveitam, claro, a vantagem de terem custos laborais mais baixos mas o segredo do sucesso está no conhecimento que conseguiram desenvolver sobre o que funciona numa plataforma social como o Facebook.

Claro que hoje já têm escritórios espalhados um pouco pelo mundo todo e investidores Americanos, mas a origem da Empresa é, na sua essência, Chinesa.

Agora, pergunta a Alice, o que é que os Chineses têm que os Portugueses não têm? Neste caso, até se dá o inverso, nós sempre tivemos acesso a todas estas ferramentas muito cedo e somos relativamente pioneiros na adopção de novas tecnologias. Este novo mundo que criamos tem certamente os seus problemas, como p. ex. a globalização da(s) crise(s), mas também traz oportunidades fantásticas.

A Alice está em crer que a Fun+ Portuguesa estará aí a aparecer numa garagem qualquer. Basta que esqueçamos as nossas limitações e aproveitemos as nossas vantagens (temos muitas, há que saber reconhecê-las e não dá-las como adquiridas), comecemos por valorizar o acesso ao Facebook que todos temos e o blog da Alice, já agora.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Lições de Maquiavel para António José Seguro



“Não há nada mais difícil de assumir, mais perigoso de conduzir, ou mais incerto no sucesso, do que a liderança na introdução de uma nova ordem de coisas.”

Vivemos tempos difíceis. Estamos pouco (ou nada) dependentes de nós próprios. Somos, de facto, um protectorado manietado pela obsessão da austeridade.

É claro que o País terá que ser diferente no final desta linha torta. Ninguém sabe ainda onde estaremos dentro de dois anos mas não há dúvidas de que será numa nova ordem (ou desordem) de coisas.

Não se esqueça que “um empreendimento tem mais possibilidade de ser bem sucedido se for escondido do inimigo até estar pronto para a execução” e que “se é necessário infligir um ferimento ao inimigo ele deverá ser tão severo que não será necessário temer a sua vingança”.

Deixe que os ciclos políticos se cumpram. Não tenha pressa para chegar ao poder. Não há nada de pior (e os últimos 2 anos confirmam) do que chegar ao poder sem perceber minimamente onde se chegou.

A actual liderança do País está a conseguir reunir um grande consenso à sua volta. De que tudo é mal pensado, pessimamente explicado e deficientemente executado.

A este propósito Napoleão (um grande estudioso de Maquiavel) também tem uma frase sensata: “nunca interrompas o teu inimigo quando ele está a cometer um erro…”.

Voltando a Maquiavel: “O primeiro método para estimar a inteligência de um líder é olhar para os homens que ele tem à sua volta.”

Nesta fase, preocupe-se mais com os amigos do que com os inimigos. Nunca se esqueça que “aquele que quer que lhe obedeçam tem de saber comandar” e “antes de tudo o resto, arme-se”, prepare-se para a luta, ganhe terreno interno pois daí vêm as maiores ameaças ao seu poder.

Prometa o que tiver de prometer, a quem tiver de prometer pois "a política não tem qualquer relação com a moral" e "a um príncipe não faltam razões legítimas para faltar a uma promessa".

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Mais Irlanda, mais Espanha e menos Grécia


Excelentes notícias hoje!

Parabéns a Victor Gastar e a toda a sua equipa das Finanças pela colocação de dívida conseguida hoje.

Nem o facto de poder ter havido intervenção de uma "mão invisível" (dos nossos amigos Europeus, claro) - Private placements são sempre "privados", como o nome bem indica... - menoriza o sucesso desta operação.

Outra boa notícia é a de que, com acesso aos mercados, Portugal ganhará também acesso ao programa de compra de obrigações do BCE (o célebre OMT) - ninguém sabe exactamente as regras mas mais uma ou duas emissões destas deverão ser suficientes.

Este programa autoriza o BCE a comprar em mercado secundário obrigações de tesouro, estabilizando as respectivas taxas (yields). Ainda não foi utilizado em nenhuma situação mas é o tipo de coisa que funciona como vacina: mesmo que não sirva para nada é melhor estar lá para afastar vírus perigosos (leia-se "hedge funds").

Por fim, o que deixou a Alice mesmo radiante foi o facto de termos mudado o nosso discurso no sentido de que estamos mais parecidos com a Irlanda e com a Espanha e já nem falamos nos "outros Países da Eurozona que estão a enfrentar dificuldades" (sic. notícia no FT).

Agora só temos que conseguir aproveitar este sucesso para tomar a liderança nas conversações com a Troika e sermos mais parecidos com a Irlanda (que não abdicou da sua taxa de IRC reduzida) e com a Espanha (que nunca chegou a pedir ajuda à Troika).

Mas isso fica para o mês que vem. Agora toca a abrir uma garrafita de Espumante (Português, claro) para comemorar!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

IRC e Fiscalidade, Novamente


“What a strange world we live in...Said Alice to the Queen of hearts”
Lewis Carroll, Alice in Wonderland

A Alice está à beira de um ataque de nervos!

Será que é a única a dar em doida com a quantidade de vezes que nos pedem o número de contribuinte para registar nas novas máquinas e programas sofisticados que o nosso Governo obrigou todos os pequenos e grandes negócios a comprar nesta rentrée de 2013?

Para quê perder tempo a dar o número de contribuinte, esperar que o operador o insira na máquina (e rezar para que não se engane e ter de começar novamente), ficar com o (mais um) papel, quando se gasta a luxuosa quantia de 60 cêntimos por um café ou 1 euro por um jornal?

Os coitados dos pequenos (ou grandes) comerciantes não têm alternativa, têm que cumprir a lei. Agora os clientes? Será que há alguém que se convença a passar por este calvário e a guardar zelosamente centenas de papéis para beneficiar da migalha de €18 mensais se reunir facturas de um valor total de €2.228. Mas alguém que nos dias que correm possa consumir €2.228 por mês está preocupado com €18? Traduzindo em cafés: para poder tomar um café por dia gratuitamente (18/0.6/30) terá que tomar 123 cafés por dia (2228/0.6/30)!...

Para além de ser incomodativo para o cliente, estas regras trazem outras desvantagens: (i) aumenta a burocracia e reduz a produtividade (pensem no tempo tomado a digitar números de contribuinte); (ii) não é amiga do ambiente (mais papel gasto); (iii) aumenta a ineficiência do estado (quem vai andar a controlar a informação adicional produzida por este sistema?); (iv) e, para a Alice o mais relevante, cria um precedente de controlo dos movimentos das pessoas que é inaceitável.

Já não há paciência!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

"Ultimato" - Análise ou Manifesto Político?


Comentário da Alice ao Livro "Ultimato" de Rui Moreira


Ultimato


Rui Moreira faz, numa prosa escorreita e despretensiosa, a análise da situação actual de Portugal, o que nos trouxe até aqui e tenta avançar com algumas alternativas para o futuro.

Emite as suas opiniões de uma forma desapaixonada e independente embora sem denunciar a sua visão inclinada "à direita", ainda que temperada por uma propensão Keynesiana na área económica.

Tenta ir para além da explicação habitualmente utilizada pelos nossos governantes, mas que peca por demasiado simplista, de que "vivemos acima das nossas possibilidades". Da argumentação de Rui Moreira, tão bem ilustrada nos capítulos "Equidade" e "Gorduras do Estado", pode-se retirar que nem todos vivemos acima das nossas possibilidades. Provavelmente, houve um conjunto de pessoas que viveram acima das suas possibilidades (mais numas zonas do País do que noutras), certamente algumas empresas também (mais nuns sectores do que noutros), mas foi sobretudo o Estado (e quem o gere) que viveu acima das suas possibilidades.

Resistiu (e bem) à tentação da maioria dos actuais comentadores de encontrar um bode expiatório único para os problemas do País (o anterior Governo em geral e Sócrates em particular). Nas palavras do autor: "Esta crise que vivemos não sucedeu por acaso. Decorreu da acumulação de erros de gerações de políticos que se iludiram ou deixaram se iludir pelos contos de sereias, e que foram cúmplices activos ou silenciosos no rapto do interesse público por parte de interesses ínvios. É, por isso, uma crise que tem nomes". Este facto está bem patente no capitulo "Interesses Instalados" apesar do autor não nomear ninguém.

Nos capítulos sobre "Austeridade" e "Fadiga Fiscal" o autor faz uma defesa da impossibilidade de lançar mais impostos sobre os agentes económicos, seja por uma questão de razoabilidade para o contribuinte, seja por uma questão de competitividade da economia. Tal não invalida que Rui Moreira valorize a necessidade do País sofrer um ajustamento que balance as suas contas.

A "Justiça" não passa incólume nesta análise. O problema começa nas leis criadas por sucessivos Governos que resultaram em verdadeiros "labirintos legais" mas depois amplifica-se em tudo o que tem que ver com a aplicação das mesmas: prazos inaceitáveis para as decisões judiciais, fugas de informação e violação do segredo de justiça, querelas permanente entre as corporações judiciárias, etc.

Apesar de bastante certeiro no diagnóstico, as medidas concretas que o autor aponta são genéricas e parecem traduzir aquilo que é o corpo essencial da opinião do autor sobre as soluções que por vezes são ventiladas de forma dispersa por vários comentadores. Fica-se com a ideia de que Rui Moreira não se quis "atrever" a avançar com propostas demasiado inovadoras em matérias que porventura não dominará tão bem ou, quiçá, se quis (res)guardar para futuros embates?

No capítulo sobre "Inovar" dá o mote, sugerindo de uma forma lúcida que a aposta em actividades mão-de-obra intensiva não é opção para nós, seja porque não sustenta o nível de desenvolvimento que já temos, seja porque nunca nos fará concorrer com os países em vias de desenvolvimento. Assim, defende que os incentivos públicos sejam direccionados para valorizar a promoção de activos intangíveis como investigação, as marcas e patentes, sua gestão e comunicação, estudos de mercado, etc.

Os capítulos finais do livro vão dedicados ao "Crescimento Económico" e a "Como Sair da Crise". Rui Moreira defende uma (tão necessária quanto cada vez mais distante) revisão constitucional. Esta revisão, contemplaria também uma alteração profunda do sistema eleitoral (ou não fosse o autor, desde há longos anos, um grande defensor da representatividade e responsabilização dos políticos eleitos).

Advoga também a necessidade de haver mais cooperação dos nossos parceiros Europeus. Nas suas palavras: "Fomos um bom doente que nunca se esqueceu de tomar a medicação indicada e que faz a dieta receitada... Devemos, agora, reclamar que, se isso é verdade, o erro não é do doente, mas do tipo de tratamento aplicado". Esta cooperação traduzir-se-á na renegociação das taxas de juro "proibitivas" que nos são impostas e ajuda na resolução do problema da falta de investimento público que Portugal não tem capacidade de fazer.

Adicionalmente, Rui Moreira menciona a necessidade de criar condições fiscais e de liquidez que permitam fomentar o investimento privado e da necessidade de desburocratizar o funcionamento do nosso sistema económico.

Concluindo por uma frase que o autor colocou na "Introdução": "O problema é que o sistema político parece ter afastado os melhores da política". A Alice deseja que não seja este o caso de Rui Moreira.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Instabilidade Fiscal



Este “post” não se destina a criticar as decisões governativas. Antes pretende chamar a atenção para a deficiente execução das mesmas e a instabilidade que elas geram na actividade e nas decisões que os agentes económicos tomam todos os dias.

As novas tabelas de retenção na fonte de IRC foram publicadas ontem. O Ministério das Finanças, na sua magnanimidade, vai permitir que as Empresas apliquem as novas tabelas apenas em Fevereiro, desde que ainda não tenham processado os salários!

Da mesma forma, estamos todos os trabalhadores (e empregadores) em suspenso para saber como e quando poderemos reclamar um dos nossos subsídios em duodécimos mensais (há quem ainda tenha esperança de que seja em Janeiro!).

Já nem falo nos comerciantes que tiveram que comprar máquinas especiais para conviver com a nova legislação de emissão de facturas e que ainda nem sequer as têm (stock esgotado!).

Já convivíamos com a retroactividade das leis (um hábito, diga-se, que foi iniciado pelos antecessores deste Governo), mas leis com detonador diferido que pairam no ar e que ninguém sabe quando passarão a ter aplicação são inaceitáveis. Quando ainda se faziam leis com pés e cabeça, havia habitualmente um período de transição antes de passar a ser aplicada a nova legislação.

As leis fiscais têm que ser simples, justas, tempestivas e a sua implementação não pode deixar dúvidas aos agentes económicos. Adicionalmente, ao contrário do que o Estado e a Administração Fiscal defendem, os cidadãos e as empresas têm o direito de fazer o seu planeamento fiscal (p. ex. fazer ou não fazer um PPR, no tempo em que estes aproveitavam para alguma coisa…).

A não ser assim, vamos continuar a ver Empresas a passar a sua sede para outras paragens e as pessoas a colocar o seu dinheiro em países com fiscalidades mais claras e estáveis (sejam ou não paradisíacas).

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Comissão de Revisão do IRC



Mais um ano...

Mais uma comissão...

Esperemos que esta com um destino mais digno do que as que o Governo tem constituído desde o inicio da legislatura (e até antes da mesma).

Lembram-se da Revisão Constitucional encomendada a Paulo Teixeira Pinto, ainda não era Passos primeiro-ministro?

E recordam-se do Grupo de trabalho liderado por João Duque para reestruturar e organizar a RTP?

E da Comissão para a revisão do conceito estratégico de defesa e segurança, encabeçado por Luís Fontoura e com personalidades eminentes como Pinto Balsemão, António Vitorino, Luís Amado, Leonor Beleza, Adriano Moreira, etc., etc.

Certamente existiram outras de que a Alice não se recorda agora. Todas elas votadas a uma gaveta e a serem esquecidas nas brumas da memória! Se a Alice fosse cínica diria que a criação de uma comissão é um eufemismo para adiar decisões politicamente difíceis - no caso em apreço, a incomodativa luta do Ministro da Economia.

António Lobo Xavier não será remunerado pelo seu trabalho, como imagino não foram os elementos das restantes comissões! Tais comissões não pesam no erário publico mas, conhecendo o brio que este tipo de personalidades coloca em todas as tarefas a que se compromete, custam certamente algo ao País (se estão a fazer isto não estão a fazer outras coisas). Como é possivel tomar o tempo, o esforço e o trabalho destes especialistas sem daí retirar o devido proveito? Algumas pessoas esquecem que isto também é produtividade!

António Lobo Xavier é, sem duvida, a melhor escolha para liderar esta comissão. A Alice espera que o resultado do seu trabalho e dos restantes membros da mesma não tenha o mesmo destino fúnebre do das restantes comissões.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A Nacionalização do BANIF

Antes do mais, a devida declaração de interesses: o autor deste Blog tem, desde longa data, relacionamento comercial com o BANIF e profunda admiração e respeito pelos seus profissionais, ainda que nem sempre extensível aos seus líderes.

O BANIF foi nacionalizado.

Esconder esta nacionalização sob uma capa de uma suposta recapitalização é um engodo. Lançar a confusão, com as técnicas de "spin" do costume, para condicionar o debate tem sido a armadilha que chamou ainda mais a atenção da Alice para este tema.


Como é possível que, de toda a imprensa (e mesmo blogosfera), poucos foram os que claramente pronunciaram a palavra NACIONALIZAÇÃO (honrosa excepção ao Expresso e ao excelente artigo de Miguel Sousa Tavares).


Como é possível que o titulo principal de primeira pagina do Público de ontem ser: "Banif pagará ao Estado 330 milhões de juros e dividendos até 2017"? Destaca, ainda na primeira página, que tal corresponde a 30% do total do apoio!

Como é possível que ninguém questione qual a real exequibilidade de angariar novos accionistas para o capital do Banco nos próximos 6 meses quando até agora não se arranjou nenhum?

Como é possível que o Governo tome esta decisão de Nacionalização sem explicar aos contribuintes quais as razões que estão subjacentes a voltar a colocar em risco o nosso dinheiro e a fazer exactamente o que tem vindo a condenar ao anterior Governo (não vou aqui entrar na demagogia fácil de comparar o BPN ao Banif mas, infelizmente, nestes processos, sabemos como começam mas nunca sabemos como acabam...).

Até podem existir boas razões para esta decisão (a Alice não as vislumbra), mas os contribuintes gostariam de as conhecer. Será que o Banif representa um risco sistémico? Qual o impacto para o sistema financeiro caso falisse? Qual a razão para o Banif precisar quase de tanto dinheiro como o BPI, um banco 3 vezes maior? Qual será a estratégia para gerir o Banif nos próximos anos? Quais os mecanismos para garantir que não se cairá numa situação igual à do BPN?

A Alice até fica com arrepios na espinha ao pensar nas estranhas coincidências de mudanças de cadeiras no âmbito deste tipo de operações que têm acabado invariavelmente mal. Alguém se lembra que o CEO que presidiu ao extertor do BCP veio da CGD? Alguém se lembra que quem geriu o BPN foram os gestores da CGD? E por aqui me fico...

Isto vai dar para o torto. E vai começar a dar para o torto muito depressa. Daqui a 6 meses quando não se encontrar investidor. E, logo de seguida, quando forem necessários os próximos milhões...


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Desejos para 2013

A Alice deseja

que 2013 seja melhor do que 2012

que os nossos governantes governem independentemente de qualquer tipo de interesses, instalados ou não, passados ou futuros, trilhando o seu próprio caminho, sem olhar para a Grécia nem para a Espanha, não aceitando acriticamente receituários mais ou menos impostos e, com coragem, ambicionando a um Estado menor mas melhor

que a nossa oposição cuide de que os governantes cumpram o desejo anterior, sem ganancia de chegar prematuramente ao poder, sem fazer promessas de quimeras inalcançáveis e com a consciência de que, quando lá chegarem, é preferível que o País esteja melhor do que agora pelo que deverão começar já a contribuir para tal

que os nossos empresários empreendam sem estar à espera do apoio da “mão invisível” do Estado e sem buscar rendas insustentáveis para o País e para os cidadãos; desenvolvam negócios, de preferência virados para o exterior, criem empregos e, acima de tudo, ganhem dinheiro

que os nossos trabalhadores empreendam também, na convicção que o único posto de trabalho seguro é aquele que contribui directamente para o desenvolvimento do seu empregador, criando novas soluções para problemas antigos, imaginando novos produtos ou formas diferentes de os comercializar, produzindo melhor, mais rápido e, se possível, mais barato

que os nossos estudantes aproveitem para entender os erros que os seus antecessores cometeram e façam uma promessa para consigo próprios e para com o País de não os repetirem e buscar a excelência em tudo o que venham a fazer no futuro

que todos nós aproveitemos até à última gota cada coisa positiva e cada momento bom que o ano nos trará. Haverá certamente alguns e esses ninguém nos tirará.