terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A Nacionalização do BANIF

Antes do mais, a devida declaração de interesses: o autor deste Blog tem, desde longa data, relacionamento comercial com o BANIF e profunda admiração e respeito pelos seus profissionais, ainda que nem sempre extensível aos seus líderes.

O BANIF foi nacionalizado.

Esconder esta nacionalização sob uma capa de uma suposta recapitalização é um engodo. Lançar a confusão, com as técnicas de "spin" do costume, para condicionar o debate tem sido a armadilha que chamou ainda mais a atenção da Alice para este tema.


Como é possível que, de toda a imprensa (e mesmo blogosfera), poucos foram os que claramente pronunciaram a palavra NACIONALIZAÇÃO (honrosa excepção ao Expresso e ao excelente artigo de Miguel Sousa Tavares).


Como é possível que o titulo principal de primeira pagina do Público de ontem ser: "Banif pagará ao Estado 330 milhões de juros e dividendos até 2017"? Destaca, ainda na primeira página, que tal corresponde a 30% do total do apoio!

Como é possível que ninguém questione qual a real exequibilidade de angariar novos accionistas para o capital do Banco nos próximos 6 meses quando até agora não se arranjou nenhum?

Como é possível que o Governo tome esta decisão de Nacionalização sem explicar aos contribuintes quais as razões que estão subjacentes a voltar a colocar em risco o nosso dinheiro e a fazer exactamente o que tem vindo a condenar ao anterior Governo (não vou aqui entrar na demagogia fácil de comparar o BPN ao Banif mas, infelizmente, nestes processos, sabemos como começam mas nunca sabemos como acabam...).

Até podem existir boas razões para esta decisão (a Alice não as vislumbra), mas os contribuintes gostariam de as conhecer. Será que o Banif representa um risco sistémico? Qual o impacto para o sistema financeiro caso falisse? Qual a razão para o Banif precisar quase de tanto dinheiro como o BPI, um banco 3 vezes maior? Qual será a estratégia para gerir o Banif nos próximos anos? Quais os mecanismos para garantir que não se cairá numa situação igual à do BPN?

A Alice até fica com arrepios na espinha ao pensar nas estranhas coincidências de mudanças de cadeiras no âmbito deste tipo de operações que têm acabado invariavelmente mal. Alguém se lembra que o CEO que presidiu ao extertor do BCP veio da CGD? Alguém se lembra que quem geriu o BPN foram os gestores da CGD? E por aqui me fico...

Isto vai dar para o torto. E vai começar a dar para o torto muito depressa. Daqui a 6 meses quando não se encontrar investidor. E, logo de seguida, quando forem necessários os próximos milhões...


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