quinta-feira, 6 de agosto de 2009

BPP vs Indústria Automóvel

A “novela” BPP dura há mais de 8 meses. Aparentemente a solução do “caso” é muito complicada, sobretudo no que diz respeito aos seus clientes de retorno absoluto (uma expressão que muitos de nós, incluindo alguns clientes do Banco, nunca tínhamos ouvido antes deste “problema”). Esta questão específica envolverá montantes pouco maiores do que mil milhões de Euros. Façamos agora uma breve travessia do oceano para os EUA e para o sector automóvel. A General Motors e a Chrysler foram obrigadas a entrar em processo de insolvência (vulgo Chapter 11), respectivamente em 1 de Junho de 2009 e 30 de Abril de 2009. Eram “casos” bastante simples, claro. A General Motors, por exemplo, geria um pequeno leque de 8 ou 9 marcas (de carros…), tinha só cerca de $172,8 mil milhões de dívida e $82,3 mil milhões de activos e apenas 235.000 Empregados. Ambas já saíram do processo de insolvência e estão hoje “normalmente” no mercado. Deixem-me só reformular para garantir que me fiz entender: passaram menos de 3 meses desde que o processo de insolvência arrancou e já se encontra "tudo" resolvido! É óbvio que o Chapter 11 tem mecanismos muito simples; é também óbvio que houve um envolvimento político determinante na solução (e o Estado acabou como accionista de peso das duas), mas não me parece que isto baste para explicação. Como a Alice não pode acreditar que esta demora de decisão no caso do BPP se prenda com considerações de calendário eleitoral, só pode concluir que resolver o caso do BPP é muito mais difícil do que resolver "todos" os problemas do sector automóvel nos EUA! Ou será que a batata escalda e ninguém a quer apanhar? Podemos dar as voltas que quisermos, mas o problema é só um: não há activos suficientes para acorrer a todos os passivos do Banco. O passar do tempo, infelizmente, não vai fazer com que o problema desapareça (ou que o dinheiro apareça, como quiserem). Resta saber se o Estado cobre a diferença ou não.

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