sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Ryanair – os Irlandeses devem estar loucos?

A Alice assistiu recentemente a uma apresentação do Ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos em Lisboa. O seu ar imberbe e olhar pretensioso não auguravam uma comunicação que pudesse ir para além dos estereótipos típicos de quem ocupa posições de responsabilidade pelos dotes sanguíneos. Para surpresa da Alice, revelou um pragmatismo pouco habitual para o político médio a que estamos habituados. Para incrementar o relacionamento económico entre Portugal e os EAU, disse, são necessárias 3 coisas: (i) abertura de embaixadas nos respectivos territórios; (ii) acordos de resolução da dupla tributação económica; e (iii) voos directos entre os dois países. Repito, agora eu, “voos directos entre os dois países”. Ora, apesar da propalada necessidade do nosso País internacionalizar as suas Empresas é extraordinário como tão pouco se tem feito para assegurar que tenhamos ligações eficientes para um número alargado de países. Esta questão é particularmente mais grave para quem, como eu, está baseado no Porto (o aeroporto que serve a maior zona industrial do País). Senão vejamos: Em Setembro tenho que viajar do Porto para Atenas; há duas alternativas: (i) com a Lufthansa/Tap, via Frankfurt (preço cerca de €750); ou (ii) com a Ibéria, via Madrid (preço cerca de €450); Se quiser ir a Bruxelas tenho que viajar via Lisboa (há um ou outro voo directo, mas é quase impossível conseguir lugares a preços aceitáveis) e, atendendo aos horários, é quase impossível ir e vir no mesmo dia e, mesmo assim, tenho que estar disponível para chegar a casa perto da meia-noite! Dos 27 países da União Europeia, só há voos directos operados pela TAP a partir do Porto para 7 (de Lisboa contei 15 por alto). A Alice não é regionalista nem adepta da regionalização, mas é um facto indiscutível que tem havido nos últimos anos uma redução gradual e deliberada das rotas a partir do Porto (será que é para canalizar tráfego suficiente para Lisboa de forma a justificar um novo aeroporto?). Mas não é só para a Europa… Para voar do Porto a Faro pela TAP, só via Lisboa. Claro que há sempre a velha justificação que não há tráfego suficiente para haver mais rotas a partir do Porto… É aí que entra a Ryanair, com o lançamento de uma rota directa do Porto para Faro e com a “ameaça” velada de lançar mais rotas directas a partir do Porto (porventura até para Lisboa). Talvez por isso a TAP tenha lançado um novo tarifário “discount” entre Porto e Lisboa a tarifas da ordem dos €80 ida e volta (quando andou nos últimos anos a cobrar preços superiores a €250). A Alice agradece aos Irlandeses que não sabem fazer contas e gostam de voar com os aviões vazios!

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