quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Um ano pós-Lehman Brothers

Analistas, jornalistas, políticos, empresários, e vários outros intervenientes são unânimes em considerar que “deixar falir a Lehman” foi um erro. As críticas são particularmente acintosas para com o Sr. Hank Paulson, principal responsável por “deixar cair” este Banco. As más línguas dizem inclusivamente que o facto de ter trabalhado e liderado um dos principais concorrentes da Lehman (a Goldman Sachs) terá toldado o seu raciocínio e comprometido a sua independência na análise e decisão sobre este dossier. Infelizmente nunca saberemos se assim foi. Não sabemos (mas gostava que alguém lhe perguntasse) se ele teria tomado a mesma decisão sabendo o que sabe hoje. Também nunca saberemos se estaríamos hoje melhor caso ele tivesse optado por “dar a mão à Lehman” embora, como disse no início, a maior parte das pessoas esclarecidas entende que estaríamos bem melhor! A Alice não concorda com esta visão. A percepção de que um Banco daquela natureza e dimensão pode ir à falência foi ou não disciplinadora do mercado? A noção de que existem empresas “too big to fail” foi ou não alterada? Podemos agora vir à posteriori regular o que quisermos no sistema financeiro e bancário, mas o facto isolado de uma falência daquela magnitude ter ocorrido coloca “em sentido” um vasto conjunto de intervenientes no mercado. Sabendo o que sabemos hoje (que, aparentemente, o mundo conseguiu dar a volta por cima não tendo entrado numa segunda grande depressão como alguns vaticinaram) não há nenhuma razão objectiva para considerar que a falência do Lehman foi uma má decisão. O facto de tanta gente pensar assim significa apenas que ainda não mudaram o “chip” para a nova realidade que temos entre mãos (ou, se preferirem, para a necessidade de encarar a realidade de forma diferente). Talvez faça falta mais uma falência ou duas?

1 comentário:

Anónimo disse...

1. Para alem de hand-waving, nao ha' evidencia de que a falencia de LEH tenha causado a crise do ano passado.

2. O anuncio por parte de um governante - com informacao privada sobre as condicoes dos bancos - de que eram cruciais $700 BN, no questions asked, parece-me um sinal fortissimo de uma crise iminente, levando a quebra completa do credito.

3. Por falar em sweet deals, a situacao concorrencial no presente em market making, etc. e' bem melhor para os sobreviventes agora.