quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Crescimento e Emprego; A César o que é de César


O crescimento da economia e o aumento do emprego em Portugal tem de passar obrigatoriamente pelas Empresas e pelas Pessoas.


Parte-se do princípio que o Estado tem as mãos atadas e não pode contribuir com medidas contra-cíclicas (uma discussão a que voltarei) pelo que resta às Empresas, na sua busca incessante pelo lucro, promover o crescimento e o emprego.


Esqueçam incentivos fiscais, esqueçam QRENs, esqueçam profissões de fé mais ou menos sinceras por parte dos políticos sobre "melhoria da produtividade", "aposta nas exportações", "criação de postos de trabalho", etc.


Soubemos em artigo do FT de segunda-feira (http://www.ft.com/cms/s/0/39e3abac-00ce-11e2-8197-00144feabdc0.html) que alguns economistas calculam que o consumo motivado pelo lançamento do novo iPhone5 poderá impulsionar o crescimento do PIB americano no 4ª Trimestre em  até 0,5 p.p.!



O iPhone5 não foi lançado porque o Estado Americano decidiu conceder subsídios para Empresas inovadoras ou exportadoras, nem porque baixou a TSU, nem sequer pela sua conhecida política de gestão "inteligente" da taxa de câmbio do USD! Fê-lo movido exclusivamente pela vontade de melhorar os seus lucros (face aos cerca de $40Bi obtidos no ano passado) e porque a concorrência assim obriga (embora isto seja uma segunda derivada do primeiro objectivo).


Claro que os velhos do restelo já estão a argumentar: "mas isso vale em mercados inovadores e para Empresas tecnológicas..."

Não é necessariamente assim. Num estudo bem documentado pela Mckinsey (The Wall Mart Effect) demonstrou-se que o Wal Mart (indústria tradicional de retalho) foi, por si só, um dos maiores contribuidores para o aumento da produtividade do trabalho nas Empresas Americanas no final da década de 90.

Razões? Acertaram, nada que ver com o apoio do Estado Americano. Razão n.º1: Concorrência; Razão n.º2: Boas práticas de gestão.

Por muito que custe aos políticos assumir isto, a criação de emprego por parte das Empresas e o seu crescimento pouco tem que ver com "Política Económica" ou "Política Fiscal". Infelizmente o contrário é verdadeiro, i.e. estas políticas (e, sobretudo, as suas constantes oscilações, recuos e avanços, etc.) podem condicionar de uma forma negativa e irremediável o próprio crescimento e criação de Emprego.

Em resumo, é o esforço agregado de todas as Empresas que contribui para o crescimento da Economia (assumindo que as restantes variáveis não se podem mexer). Da mesma forma, é o esforço agregado de todos os accionistas, gestores e trabalhadores que faz com que as Empresas cresçam. Sem trabalhadores, gestores, accionistas e Empresas não há crescimento e não há aumento de Emprego.

Sei que não temos Apples, mas temos WeDos, TimWes, Zippys e Fly Londons. É com estas que temos que nos desenvencilhar.

É com esta ideia de partida, de que a resolução do problema de crescimento e do emprego passa pelas Empresas e pelas Pessoas, que temos que equacionar a intervenção do Estado e as soluções Macro. Mais sobre este tema nos próximos posts...

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