Não é usual a Alice discordar de Pedro Santos Guerreiro, Director do Jornal de Negócios. Na semana passada defendeu que Lobo Xavier não deveria liderar a comissão para reformar o IRC por ter conflitos de interesses.
A Alice não vai recorrer a uma comparação fácil com os "hackers" de sistemas informáticos que acabam invariavelmente por ser recrutados pelas autoridades fiscalizadoras ou pelas principais Empresas do sector, a troco de penas reduzidas, no primeiro caso, e de salários chorudos, no segundo. A realidade é que, ao contrário destes "hackers", Lobo Xavier não cometeu nenhum crime e, que se saiba, nunca aconselhou nenhum cliente seu ou sociedade por si administrada a cometer nenhum crime.
Quando
muito limitou-se, dentro dos limites legais vigentes em Portugal, na Europa e
no Mundo, a sugerir aos seus constituintes formatos que permitissem garantir
uma maior estabilidade fiscal, assegurar melhores fontes de financiamento e,
porventura, ter uma factura fiscal menos onerosa.
Partindo
do pressuposto que não irá sugerir na reforma de IRC qualquer aplicação
retroactiva da Lei, a Alice não vislumbra em que é que as actuais tarefas
colidem com as suas restantes funções.
Quanto
ao passado, estamos esclarecidos.
Relativamente
ao futuro, o que irá ele (mais concretamente a comissão que ele lidera) sugerir
que possa ser aproveitado pelos seus constituintes em detrimento de todas as
restantes Empresas? Ou o que irá ele (a comissão) propor que seja aproveitado
pelos seus constituintes em detrimento de todos os outros contribuintes?
Porventura
irá sugerir uma taxa de IRC preferencial para os sectores em que tem
alegadamente “interesses”? Será que vai propor que o IRC passe para zero, por
contrapartida de um aumento de IRS?
A
Alice está em crer que não será esse o caso.
A nomeação de
Lobo Xavier e da comissão foi mais técnica do que política. Partindo de
uma aferição comparativa dos regimes fiscais para as Empresas na UE, como
poderá Portugal garantir a fixação das Empresas cá e a atracção de novas Empresas
e Investimento? Se esta pergunta for respondida desapaixonadamente caberá
depois aos políticos (e não à comissão nem a Lobo Xavier) tomas decisões.
Para além
disso, há um conjunto de questões, que vai muito para além das taxas de imposto, que são também merecedoras de revisão. É o caso das tributações autónomas,
incentivos fiscais, retenções na fonte, pagamentos por conta, tributação consolidada, regime simplificado, etc (ver http://aliceemportugal.blogspot.pt/2013/02/reforma-do-irc-ideias-de-jaime-carvalho.html). A Alice espera
que tudo isto seja também revisto, a bem da simplificação da vida das Empresas.
A Alice
ficaria muito feliz se o resultado final deste trabalho fosse aquele que Pedro
Santos Guerreiro imagina, em jeito de manchete sensacionalista em jornal Holandês:
"Escândalo:
família Soares dos Santos deslocaliza sede fiscal para Portugal".
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