Está oficialmente aberta a época de caça aos Bancos. A AdC lançou uma aparatosa (e audaciosa) investigação sobre práticas de cartel na Banca, concretamente no crédito à habitação e ao consumo. A Alice atreve-se a fazer um prognóstico do que a AdC vai concluir: que não encontrou nenhum indício de prática concertada.
Há fundamentalmente 3 razões para que a AdC nada encontre:
1. As práticas de concertação da Banca (se existirem de facto) dão-se em fóruns muito mais restritos do que nos escritórios, balcões ou gabinetes de cada um dos alegados malfeitores. Esses conclaves realizam-se habitualmente em locais insuspeitos como o Ministério das Finanças, a Associação Portuguesa de Bancos ou o Banco de Portugal;
2. A principal razão para todos os Bancos estarem actualmente a “carregar” nos preços destes produtos bancários prende-se mais com o comportamento de rebanho destes operadores do que com razões de concertação estratégica. Na época em que a moda era dar uma casa (ou duas) a cada Português a taxas ridiculamente baixas, todos deram. Agora que é preciso fazer o movimento inverso, têm que pôr os novos clientes a pagar (por eles e pelos antigos);
3. Não conheço nenhum Presidente de qualquer banco Português que seja suficientemente humilde para reconhecer que teria algo a ganhar em cooperar com os seus concorrentes, seja pelas más razões (conluio), seja pelas boas (contribuir para que o País saísse da confusão em que está).
Normalmente, quando os Bancos querem fazer conluios fazem-no através do Banco de Portugal. Já se esqueceram de que em 2011, no auge da crise de liquidez dos Bancos, o BdP impôs uma taxa máxima de depósitos? O que é isto senão limitação de concorrência? Onde estava a AdC nessa altura? A verdade é que vários Bancos arranjaram formas de contornar estas limitações e lá se foi o cartel organizado…
Sem comentários:
Enviar um comentário