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Alice estreia hoje um novo formato que pretende dar à estampa “guest posts” de seus
leitores mais assíduos. Para primeiro convidado a Alice escolheu o Luís Folhadela
Rebelo, seu amigo de longa data, dono de um humor apurado, crítica mordaz e uma
escrita de fino recorte literário.
Neste “guest post” ele elenca os possíveis desfechos
na actual novela do Euro para Portugal:
1. Default ou, para recorrer ao eufemismo próprio dos jornais,
"reestruturação com haircut da
dívida" (provável e doloroso)
2. Saída do Euro ao estilo Hara-kiri (sozinhos). Não muito
aconselhável, a menos que o BNA promova a livre convertibilidade do novo escudo
em Kwanzas
3. Saída do Euro em conjunto com
os demais dos países do sul (talvez não fosse o pior)
4. Saída da Alemanha do Euro,
eventualmente acompanhada de alguns outros ranhosos (resultado mais ou menos
idêntico ao exercício anterior, mas pior em termos de auto-estima)
5. A Catalunha torna-se
independente, o Beppe Grillo forma governo, o Bloco sobe ao poder e toda a
malta se inspira na Argentina e decide não pagar dívidas (é capaz de ser melhor
não brincar muito com este cenário)
6. É descoberto petróleo ou gás
natural (pouco provável, para além de que, se vier a ocorrer, provavelmente não
chega a tempo de evitar o default)
7. A Sra. Merkel vem passar férias
ao Algarve, fica enternecida com a hospitalidade dos portugueses, e suaviza o
garrote (também pouco provável, mas não custa nada insistir em convidá-la)
8. A solução do “corralito”
cipriota pega moda e estende-se ao Sul da Europa, o qual volta à economia
directa. A Mercedes estabelece um preçário em tonéis de azeite válido apenas na
Península Ibérica, e Frankfurt destrona Chicago como maior mercado financeiro
de commodities agrícolas. (cenário de
difícil aplicação, por questões técnicas)
9. O Tó Zé, sob orientação do
Aníbal, tira-nos do buraco da espiral recessiva e devolve-nos o crescimento com
base em práticas de pequeno comércio de Penamacor (esta é mesmo muito
pouco provável)
10. Faz-se luz na cabecinha de
todos os dirigentes europeus, põe-se os interesses nacionais de lado em nome do
bem comum, mutualiza-se a dívida a nível europeu, consolida-se a supervisão
bancária, e passamos a ter níveis de endividamento semelhantes aos dos
Americanos. Helas! Cavalgamos a onda
de prosperidade advinda, e ignoramos a hiper-inflação que, seguramente, sucederá.
Será que ainda vamos a tempo de
tentar enganar os Chineses e convencê-los a investir ou comprar dívida
europeia?
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