sexta-feira, 22 de março de 2013

Soluções para Portugal by Luís Folhadela Rebelo


A Alice estreia hoje um novo formato que pretende dar à estampa “guest posts” de seus leitores mais assíduos. Para primeiro convidado a Alice escolheu o Luís Folhadela Rebelo, seu amigo de longa data, dono de um humor apurado, crítica mordaz e uma escrita de fino recorte literário.

Neste “guest post” ele elenca os possíveis desfechos na actual novela do Euro para Portugal:

1. Default ou, para recorrer ao eufemismo próprio dos jornais, "reestruturação com haircut da dívida" (provável e doloroso)

2. Saída do Euro ao estilo Hara-kiri (sozinhos). Não muito aconselhável, a menos que o BNA promova a livre convertibilidade do novo escudo em Kwanzas

3. Saída do Euro em conjunto com os demais dos países do sul (talvez não fosse o pior)

4. Saída da Alemanha do Euro, eventualmente acompanhada de alguns outros ranhosos (resultado mais ou menos idêntico ao exercício anterior, mas pior em termos de auto-estima)

5. A Catalunha torna-se independente, o Beppe Grillo forma governo, o Bloco sobe ao poder e toda a malta se inspira na Argentina e decide não pagar dívidas (é capaz de ser melhor não brincar muito com este cenário)

6. É descoberto petróleo ou gás natural (pouco provável, para além de que, se vier a ocorrer, provavelmente não chega a tempo de evitar o default)

7. A Sra. Merkel vem passar férias ao Algarve, fica enternecida com a hospitalidade dos portugueses, e suaviza o garrote (também pouco provável, mas não custa nada insistir em convidá-la)

8. A solução do “corralito” cipriota pega moda e estende-se ao Sul da Europa, o qual volta à economia directa. A Mercedes estabelece um preçário em tonéis de azeite válido apenas na Península Ibérica, e Frankfurt destrona Chicago como maior mercado financeiro de commodities agrícolas. (cenário de difícil aplicação, por questões técnicas)

9. O Tó Zé, sob orientação do Aníbal, tira-nos do buraco da espiral recessiva e devolve-nos o crescimento com base em práticas de pequeno comércio de Penamacor  (esta é mesmo muito pouco provável)

10. Faz-se luz na cabecinha de todos os dirigentes europeus, põe-se os interesses nacionais de lado em nome do bem comum, mutualiza-se a dívida a nível europeu, consolida-se a supervisão bancária, e passamos a ter níveis de endividamento semelhantes aos dos Americanos. Helas! Cavalgamos a onda de prosperidade advinda, e ignoramos a hiper-inflação que, seguramente, sucederá.

Será que ainda vamos a tempo de tentar enganar os Chineses e convencê-los a investir ou comprar dívida europeia?

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