segunda-feira, 25 de março de 2013

Repartir ou fazer crescer o “Bolo”?


As discussões que têm sido alimentadas na praça pública (e fora dela) têm sido direccionadas para a forma como se reparte o “bolo” que é o produto do nosso País. Funcionários públicos recebem menos para pagar a mais desempregados, as PPPs diminuem os seus encargos para acomodar reduções nas receitas fiscais, o investimento sofre para se pagar mais juros. Esta discussão fica mais difícil quando o “Bolo” diminui sucessivamente, qual cozinhado mal confeccionado ou com falta de ingredientes (provavelmente fermento).

Ultimamente, os cozinheiros começaram a manifestar uma maior preocupação com o crescimento do “Bolo”. Avisada inquietação, na medida em que repartir cada vez menos apenas conduz à frustração de todos.

Infelizmente, o crescimento do “Bolo” depende de vários cozinheiros, i.e. de todos os agentes do País. Os culpados do cada vez mais reduzido manjar não são só os governantes. Os nossos agentes económicos são também demasiado individualistas. Dificilmente se põem de acordo sobre qual a melhor forma de fazer crescer o “Bolo”. Nas palavras de um empresário Espanhol que a Alice conheceu em tempos: “os portugueses nunca se preocupam em ganhar dinheiro com os clientes, preocupam-se em guerrear os sócios e esmagar a concorrência…”.

Esta dificuldade de articulação manifesta-se diariamente: (i) a falta de força do associativismo empresarial; (ii) a eterna discussão empresas vs. bancos; (iii) a dicotomia produtor vs. grande distribuição; etc. Até nas coisas mais prosaicas se nota este espírito, chamemos-lhe “demasiado competitivo”, como, por exemplo, no caso do empregado que abandona uma empresa para criar outra ao lado fazendo exactamente a mesma coisa e levando empregados, ideias e clientes (aconteceu recentemente no cabeleireiro frequentado pela Alice).

Utilizando as palavras de Seth Godin sobre esta matéria em livro já revisto neste blog (http://aliceemportugal.blogspot.pt/2013/03/the-icarus-deception-by-seth-godin.html):

“A idade industrial abraçou a ideia de jogos finitos. A quota de mercado é um jogo finito. Os jogos infinitos, por seu turno, são jogados pelo privilégio de jogar. O objectivo de um jogo infinito é permitir que os outros jogadores joguem melhor”.

Vamos, então, ajudar-nos uns aos outros a jogar melhor e… a sermos melhores cozinheiros…

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