As discussões que
têm sido alimentadas na praça pública (e fora dela) têm sido direccionadas para
a forma como se reparte o “bolo” que é o produto do nosso País. Funcionários públicos
recebem menos para pagar a mais desempregados, as PPPs diminuem os seus
encargos para acomodar reduções nas receitas fiscais, o investimento sofre para
se pagar mais juros. Esta discussão fica mais difícil quando o “Bolo” diminui
sucessivamente, qual cozinhado mal confeccionado ou com falta de ingredientes (provavelmente
fermento).
Ultimamente,
os cozinheiros começaram a manifestar uma maior preocupação com o crescimento
do “Bolo”. Avisada inquietação, na medida em que repartir cada vez menos apenas
conduz à frustração de todos.
Infelizmente,
o crescimento do “Bolo” depende de vários cozinheiros, i.e. de todos os agentes
do País. Os culpados do cada vez mais reduzido manjar não são só os governantes.
Os nossos agentes económicos são também demasiado individualistas. Dificilmente
se põem de acordo sobre qual a melhor forma de fazer crescer o “Bolo”. Nas
palavras de um empresário Espanhol que a Alice conheceu em tempos: “os portugueses
nunca se preocupam em ganhar dinheiro com os clientes, preocupam-se em guerrear
os sócios e esmagar a concorrência…”.
Esta
dificuldade de articulação manifesta-se diariamente: (i) a falta de força do
associativismo empresarial; (ii) a eterna discussão empresas vs. bancos; (iii)
a dicotomia produtor vs. grande distribuição; etc. Até nas coisas mais
prosaicas se nota este espírito, chamemos-lhe “demasiado competitivo”, como,
por exemplo, no caso do empregado que abandona uma empresa para criar outra ao
lado fazendo exactamente a mesma coisa e levando empregados, ideias e clientes (aconteceu recentemente no cabeleireiro frequentado pela Alice).
Utilizando as
palavras de Seth Godin sobre esta matéria em livro já revisto neste blog (http://aliceemportugal.blogspot.pt/2013/03/the-icarus-deception-by-seth-godin.html):
“A idade
industrial abraçou a ideia de jogos finitos. A quota de mercado é um jogo
finito. Os jogos infinitos, por seu turno, são jogados pelo privilégio de
jogar. O objectivo de um jogo infinito é permitir que os outros jogadores
joguem melhor”.
Vamos, então,
ajudar-nos uns aos outros a jogar melhor e… a sermos melhores cozinheiros…
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