sexta-feira, 19 de abril de 2013

Agenda para o crescimento, blá, blá, blá


O Primeiro-Ministro anunciou hoje que, na próxima terça-feira, será aprovada em Conselho de Ministros extraordinário a nova estratégia de crescimento e fomento industrial (Fonte: Jornal de Negócios). 

A Alice congelou. 

A mera menção das palavras “agenda” e “crescimento” em conjunto na mesma frase já gera urticária na pele sensível da Alice. Acrescentar “fomento industrial” faz soar todas as campainhas de alarme ao mesmo tempo. 

Notem que esta reacção alérgica é independente de quem pronuncia semelhantes palavras, infelizmente utilizadas como armas de arremesso à esquerda e à direita. A convicção da Alice é a de que os que proclamam a necessidade da dita aos sete ventos, não fazem a mínima ideia do que essa agenda deverá ser. Em concreto. Sem paleio. Nem balelas. No bullshit. Sin Chorradas. Senza Stronzata. Sans Conneries. Nein schiesdrecl. Etc. 

Vamos primeiro ao que não é a Agenda para o Crescimento (na próxima semana voltaremos ao que é ou pode ser). 

Anda para aí uma grande cacofonia sobre fundos QREN. Quem é o personagem que fica, qual cardeal Richelieu todo-poderoso, com a mão na massa para distribuir sinecuras por uns quantos iluminados? Argumentam que o QREN funcionará como “ponta-de-lança” da dita Agenda. 

Mas será que esta gente não percebe nada do que nos aconteceu até agora? Não vê que os fundos comunitários tiveram uma grande quota-parte de responsabilidade na viagem até aqui? Como se explica que apesar do volume dos fundos que recebemos nos últimos 20 anos não crescemos praticamente nada? 

A realidade é a de que os fundos comunitários distorcem os incentivos dos agentes económicos e não propiciam a melhor alocação dos recursos. As Empresas e os Empresários não dirigem os factores produtivos que controlam (dinheiro, trabalho, esforço) ao que tem mais potencial de mercado, nacional ou internacional, mas áquilo que é alvo de apoio pelos fundos comunitários.

Invariavelmente vamos ter fundos a ser alocados às PME, o grande “mantra” Europeu que é compreensível em alturas de acalmia mas pernicioso no momento que atravessamos. Os Fundos devem ser alocados onde sejam mais alavancados (i.e. que tenham mais contributo privado) e onde dêem retorno maior e mais rápido. Só nas grandes Empresas é que tal é possível. 

Vamos ter mais adegas a funcionar 15 dias por ano, vamos ter mais máquinas compradas apenas para ficarem paradas e serem exibidas como topo de gama, para gáudio do vaidoso proprietário, vamos ter indústrias inteiras a trabalhar abaixo da sua capacidade potencial e com todas as suas Empresas a lutar para… não perder muito dinheiro. 

Suspeito que vamos ter determinações grandiosas, orientações sectoriais, ambições e objectivos macro, quando o que precisamos é de trabalho micro de formiguinha, empresa a empresa, projecto a projecto, posto de trabalho a posto de trabalho. 

Mas isto tudo são apenas suspeitas. Aguardemos, tranquilamente, por 3ª Feira… 

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