quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Salário Mínimo vs Produtividade

Numa das últimas entrevistas do camarada Jerónimo de Sousa este defendia que o salário mínimo devia aumentar. Questionado sobre como é que as Empresas suportariam estes aumentos, alvitrou que teriam que ser reduzidos os custos energéticos. Interpelado sobre como ficariam então as Empresas de energia, sentenciou: pois que sejam nacionalizadas. É sempre reconfortante saber que existe um plano por detrás das afirmações controversas destinadas a fazer os títulos dos periódicos lusos. A Alice tem uma solução que poderá resolver esta equação de uma forma mais simples. Mas antes, vejamos se este aumento do salário mínimo, de per si, será assim tão benéfico para a economia e para os trabalhadores. Pensemos num caso extremo (e que é música para os ouvidos do camarada) de autarcia; a totalidade do produto da economia é consumida internamente; não há trocas internacionais. Numa economia deste género, qual o impacto deste aumento? Rigorosamente nulo! A inexistência de “válvulas de escape” vai levar a que os salários acrescidos apenas sirvam para forçar a subida dos preços (mais procura para igual oferta), gerando inflação e repondo, em termos reais, i.e. em termos do que o dinheiro permite comprar, o poder de compra exactamente onde estava antes do aumento. Em que situação tal não acontece? Só no caso do aumento de salário mínimo ser acompanhado de ganhos de produtividade que permitam que o “output” da economia aumente para todos. A questão é se é crível que a produtividade dos trabalhadores aumente apenas pelo aumento do salário mínimo (sem formação, melhorias na gestão, etc.). Esta situação agrava-se numa economia aberta às trocas internacionais e que importa uma grande parte do que consome (como é o caso da nossa). Quem beneficia com este aumento são os Espanhóis, Alemães, etc. As Empresas nacionais ficam com os custos acrescidos e, consequentemente, com menor competitividade (novamente assumindo que os trabalhadores não sobem a sua produtividade pelo facto de verem o seu salário aumentado). Mas, ao contrário do que poderá parecer, a Alice é uma acérrima defensora (já há muitos anos) de um progressivo incremento no salário mínimo nacional (quanto mais não seja pelo nosso amor-próprio e capacidade de auto-motivação). No entanto, é convicção da Alice que este aumento só pode existir com a garantia de aumento da produtividade do trabalho. A única forma de garantir tal aumento é através da (quase) total flexibilização do mercado de trabalho. Só assim se poderá refrescar e rejuvenescer a força de trabalho nas nossas Empresas (de uma forma gradual e não disruptiva, obviamente) e colocar os próprios trabalhadores a encontrar formas de aumentar a sua produtividade. A Alice advoga, então, o aumento gradual do salário mínimo nacional em contrapartida de uma flexibilização significativa do nosso mercado de trabalho. Como vêem bem mais simples do que o raciocínio tortuoso do camarada.

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