terça-feira, 6 de novembro de 2012

Incoerências do OE2013


O Povo, como melhor do mundo que é, percebe a incoerência das histórias que lhe andam a contar aos bocados desgarrados. É como ver um Filme série B (dos maus) em versão telenovelesca de periodicidade quase diária. Surpreendentemente (ou talvez não) o Povo e as elites (será que estas também são as melhores do mundo?) revoltam-se!

A Alice considera, aliás, que o pecado capital deste Orçamento é ser incoerente e dissonante com o discurso político dos últimos 18 meses de governação e com o que serão os próximos 18 meses (ou, para este efeito, com o que será o resto da legislatura).

Como é possível o PM dizer em Agosto deste ano que 2013 seria um ano já de recuperação e em Outubro apresentar um orçamento em que nada recupera? O PIB cai, o défice é pior do que devia, a dívida é mais alta, o desemprego é maior. É esta a definição de recuperação do nosso PM?

Alguém consegue explicar à Alice que o presidente do partido minoritário da coligação tenha enviado uma carta aos seus militantes em Julho em que disse taxativamente “O nível de impostos já atingiu o seu limite”? Não sabia o que aí vinha? Preparou mal a carta (pouco plausível atendendo ao tempo que demorou a escrever)? Não foi devidamente informado pelo PM e pelo MF?

Como é possível vir argumentando, desde há um ano, que o corte dos subsídios e salários de funcionários públicos e pensionistas (agora parcialmente substituídos por mais impostos para todos) é temporário? A quem querem enganar dizendo que, enquanto a Troika cá estiver, estes cortes têm que vigorar significando implicitamente que, depois da Troika, tudo voltará à normalidade?

A suprema das incoerências prende-se, claro, com a já maldita TSU. Como se compaginaria a alteração do regime da TSU alvitrado em Setembro com o ENORME aumento de impostos proposto em Outubro? Se a alteração da TSU não pressupunha aumento de receitas para o Estado (para além de uns míseros €500 milhões) e as mesmas são necessárias para cumprir a meta do défice qual seria a taxa final que os trabalhadores iriam pagar? É que se somarmos os 54,5% (taxa para os ricos que receberem mais de €80.000/ano) aos 7% de acréscimo de TSU, tal daria 61,5%. Era esta taxa que os nossos governantes pretendiam que os ricos pagassem? Nem Hollande foi tão longe!

Já não vou falar, por falta de tempo e paciência, da questão da meta do défice orçamental para 2014 ser de 2,5% e não de 3,0% como sempre esteve no pacto de estabilidade!

A Alice não alinha em discursos lamechas sobre o “interesse nacional”. Igualmente não considera que os políticos devam “falar verdade” (como diriam os ingleses uma “contradiction in terms”). No entanto, a Alice já acha inaceitável que nos tomem por parvos!

Sem comentários: