quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Inconsistências dos OE2013


A Alice não tem acesso aos modelos económicos do ministério das finanças. Porventura não teria suficientes conhecimentos de estatística e econometria para os compreender. No entanto, infelizmente, tem uma forte sensação, que assume com veemência, que os números não batem certo.

A previsão da queda do PIB para 2013 é de -1%, o que compara com -3% em 2012 (também previsão). Para além da lei dos grandes números (neste caso a tender para mais pequenos), o que pode sustentar esta previsão tendo em conta que: (i) o Governo vai sugar mais dinheiro da economia; (ii) o mundo e os nossos parceiros comerciais estão pior; e (iii) o sentimento de TODA a gente é francamente negativo?

Em 2013 o Governo vai retirar à economia um total de €2.600 milhões (€4.300 milhões de aumento de receita menos €1.700 milhões de reposição de subsídios de funcionários públicos e pensionistas) quando em 2012, surpresa das surpresas, o Governo até “sugou” menos €500 milhões do que em 2011 (porque o Povo “fintou” o OE2012 não consumindo). Quem acredita, então, que o consumo privado cairá apenas -2,2% quando em 2012 se prevê que reduza -5,9%?

As previsões para o crescimento da procura externa são de um aumento de 2,8%! Recordemos que os nossos principais parceiros comerciais são Espanha, Alemanha e França (embora os emergentes venham crescendo depressa e bem). Tal sustenta um crescimento de exportações de 3,6%, depois desta variável ter registado um crescimento de 4,3% em 2012. Pois a Alice considera que a procura externa não vai crescer o estimado e, por consequência, as exportações também não vão crescer o estimado. O crescimento das exportações para os países emergentes não compensará a menor procura dos principais parceiros Europeus, eles próprios em recessão (ou com menores crescimentos).

Finalmente o tema do sentimento! Seria porventura um tema menor se não tivesse sérias implicações no alcance dos números constantes do OE2013. As pessoas baixam os braços; os Empresários desistem; os trabalhadores subsistem (enquanto não são despedidos ou emigram); os estudantes desiludem-se (para quê estudar?); os funcionários públicos desesperam; alguns fazem greve geral (ou não), outros fazem-nas de zelo. E esta apatia geral redunda em maior desemprego e menor produtividade.

A Alice teme que, depois do Povo ter “fintado” o OE2012 com menor consumo e menos receita de IVA, a grande “finta” do Povo para o OE2013 será mais desemprego. Tal porá em causa os recebimentos de IRS e de Contribuições para a Segurança Social e, por cascata, novamente o IVA e restantes impostos sobre o consumo.

Só por esta vez a Alice gostaria muito de estar enganada.

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