quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O Dever do Trabalho


A Alice ontem fez greve.

Imagino o inconveniente causado aos (numerosos) leitores assíduos e o sofrimento sentido por todos aqueles que necessitam da sua dose diária de Alice para conseguirem suportar o dia-a-dia! Mas luta é luta!

O quê? Nem tinham reparado? Não vos fez diferença nenhuma? Pois… a Alice esqueceu as regras básicas de qualquer manual subversivo sobre lutas populares… Se não chateia muita gente não tem impacto…

A verdade é que a greve é um mecanismo de protesto (supostamente de último recurso) antiquado e incongruente.

Antiquado porque vem de tempos em que o individuo anónimo (vulgo Povo) tinha poucos instrumentos para se fazer ouvir pela Sociedade e pelos Políticos. Na era da Internet, dos blogs, do facebook e dos media que dão eco a qualquer tipo de iniciativa mais ou menos mediática (e mais ou menos bera), as pessoas já não têm desculpa para não se fazerem ouvir.

Incongruente porque no actual contexto faz algum sentido protestar contra a austeridade e a falta de trabalho… não trabalhando? Impedindo quem quer trabalhar de o fazer? Prejudicando Empresas que são os únicos agentes económicos que ainda podem dar Emprego e assegurar um futuro melhor para o País?

Infelizmente a nossa Constituição é tão pródiga em direitos quanto é parca em deveres (conforme parodiado no Post da Alice de sexta-feira passada). Falar orgulhosamente de direito à greve, esquecendo que o Dever do Trabalho (para com a Sociedade, a Família e com o próprio) é essencial para o funcionamento da Sociedade, é errado e profundamente desrespeitador para quem está desempregado.

Quase que se poderia argumentar que o desemprego é inconstitucional porque se perde o direito à greve! Mais um problema a tratar na dita “refundação”.

Há, nos dias que correm, tantas formas de luta interessantes e potencialmente impactantes que não se entende o recurso à greve. Pode-se, por exemplo, escrever um Blog (a forma de protesto eleita pela Alice); atulhar a caixa de mensagens do facebook dos Políticos com mensagens de protesto (se eles não lêem, alguém lê por eles); criar grupos de luta no Google+, etc.

No final, caso tudo isto não resulte, há sempre a hipótese de fazer manifestações ao fim de semana e vigílias à noite. Porque não uma acção de protesto marcada para as 18:00h? Afinal de contas, pelo que vi ontem em frente ao Parlamento, é a partir dessa hora que as coisas começam a ficar interessantes… até parecia noite de jogo no estádio da luz!

Pois, mas nessas alturas há sempre coisas mais interessantes para fazer, não é?

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