sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Fashion Statement em Política


Os uniformes das SS da Alemanha nazi eram desenhados para projectar autoridade e para instilar medo e respeito. Como Himmler dizia: “Eu sei que há muitas pessoas que adoecem quando vêem este uniforme negro, nós entendemos isso e não esperamos ser amados por muita gente” (tradução livre da Wikipedia).

A Alice não pretende com este introito tecer críticas à actuação Alemã no palco Europeu (até porque os uniformes eram mesmo bonitos e elegantes), nem fazer piadas fáceis sobre a indumentária com que a sua máxima dignitária se costuma apresentar em público.

O objectivo é abordar o tema da esquizofrenia que os nossos políticos evidenciam na hora de se vestirem. Este tema poderia parecer fútil não fosse o nosso conhecimento da importância da indumentária na formação da opinião das pessoas, aliás tão bem plasmada na frase de Himmler.

A Alice já aqui abordou a dificuldade que, por vezes, tem em destrinçar a cor política de uma determinada pessoa pelas suas opiniões, pelos seus comportamentos, pelas suas atitudes e, também, pela sua forma de vestir.

Com efeito, a esquerda governa à direita e vice-versa, Apelidam de ‘neo-liberal’ um governo que aumenta impostos como se não houvesse amanhã. Há socialistas acusados de reacionários e fascistas de solidários. Os bloquistas são a esquerda-caviar. Até o Ricardo Araújo Pereira fuma charuto!

A verdade é que esta promiscuidade já chegou à roupa!

Qual não foi a surpresa da Alice ao ver Arménio Carlos em entrevista televisiva todo enfarpelado com fato completo, correctamente penteado e barbeado. Houve quem me confidenciasse que já o viu recentemente ostentando uns botões de punho, qual banqueiro de última geração!

Ao que isto chegou! Sindicalistas de punhos de renda? Como melhor diria o anúncio do Restaurador Olex: “Isto não é natural”!

Já no extremo político oposto, temos um deputado do PP, João Almeida, que anda frequentemente despenteado e de escanhoado trapalhão. O desmazelo no vestir faz com que se assemelhe quase a um ‘hooligan’ inglês na véspera de um jogo contra a França (e não me refiro a quando ele está com a t-shirt e cachecol do Belenenses!).

Já não se pode confiar em ninguém! As marcas não são especialmente relevantes para a distinção. Tanto se vê polos Lacoste à esquerda como à direita (a €35 a peça). O que interessa é a classe e, em muitos e variados casos, a falta dela.

As saudades que a Alice tem do tempo em que era fácil descobrir as inclinações políticas de alguém pela roupa ostentava! A esquerda sempre se apresentou algo desmazelada, com abundancia de tecidos de qualidade duvidosa: flanelas, gangas, lãs, veludos e com elevado teor de acrílicos (poliéster e afins). As formas arredondadas e ligeiramente “oversize” sempre denotaram uma atitude do estilo “herdei isto do meu irmão mais velho” numa clara desvalorização do acto de vestir…

De salientar que a esquerda mais aburguesada e progressista (a de segunda geração e da politica de causas) sempre adoptou este género de indumentária mas com uma atitude mais blasé do estilo “preocupo-me em dar ares de que não me preocupo…”.

À direita, o fato/gravata sempre foi o traje tradicional. Quanto mais à direita, mais grosso se apresentava o nó de gravata e mais escuros e justos se usavam os fatos. Houve ali um breve período durante o cavaquismo em que se abusou um pouco dos blazers azuis marinhos com botões dourados mas esta moda morreu com o Cavaquismo…

É neste contexto que é uma tranquilidade ver, por exemplo, um Miguel Tiago. A barba rala, os cabelos descompostos, a t-shirt preta colada ao corpo, quando muito com blazer (preto, claro) por cima, não enganam (nem quer enganar, honra lhe seja feita) ninguém.

Outro que dá gosto ver é o Helder Amaral que também transmite muita confiança. Sempre nó de gravata (riscada ou estilo Hermés) dado cuidadosamente ao estilo inglês (duas voltas em vez de apenas uma) sobre uma camisa “French Collar” (colarinho mais aberto).

Os partidos do meio, à semelhança da sua matriz política, são geralmente demasiados monocromáticos (fatos, camisas e gravatas de uma só cor). Nem merecem, por isso, nota de relevância.

Ainda acham que nada disto é importante?

Pois então deixem-me dizer-vos que quem desenhou e produziu os uniformes das SS, alegadamente utilizando trabalho forçado, foi um senhor chamado Hugo… correcto, Hugo Boss.

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