Antecipando as reacções ao "post" de ontem a incitar o Governo a privatizar já Empresas que têm demonstrado ser um sorvedouro de dinheiro para os contribuintes, a Alice decidiu escrever um post sobre a intervenção governamental na Indústria Automóvel nos EUA.
Pois é verdade, estes ultra/neoliberais dos Americanos são sempre os mesmos! Sempre a tentar intrometer-se na esfera privada do cidadão comum e das Empresas.
Em 2008, toda a indústria automóvel estava a um passo da falência. A Administração em Washington tinha duas opções: deixar uma grande parte do sector afundar (que representava, na altura, um total de 2,4 milhões de trabalhadores), ou arriscar dinheiro dos contribuintes para salvar o sector. Não havia mais nenhuma alternativa viável, já que as Empresas necessitavam de dinheiro e não havia nenhum Privado disposto a investir.
Como é sabido optaram pela segunda alternativa, nacionalizando 3 construtores automóveis: GM, Ford e Chrysler. Apesar de ainda ser cedo para tirar conclusões definitivas quanto à bondade da mesma, já é consensual que a intervenção do Estado no salvamento desta indústria foi bem sucedida. Isto apesar de o Estado poder não vir a recuperar todo o dinheiro que investiu ($85 Bi. vs. uma estimativa de recuperação de $60Bi). A grande bandeira do sucesso é o salvamento de mais de 1 milhão de empregos.
Foi uma opção polémica (chegaram a apelidar a GM de "Government Motors") mas teve contornos que a Alice considera terem contribuído significativamente para o sucesso, a saber:
1. Protecção do interesse dos contribuintes acima de tudo
Não houve nenhum "stakeholder" a quem não fosse pedido sacrifícios: os accionistas ficaram sem as suas acções, os credores aceitaram um corte significativo na dívida, os trabalhadores aceitaram regimes contratuais mais flexíveis, etc.
2. Havia um plano e tomaram-se medidas duras rapidamente
A entrada do Estado nas Empresas foi pensada ao detalhe. Washington impôs um "Business Plan" muito ambicioso para o salvamento, nomeadamente o encerramento de fábricas e de concessionários. Tal ajudou os produtores baixando a pressão sobre as margens causada por um mercado saturado. Os impactos sobre o Emprego fizeram-se sentir no imediato (redução de 2,4 milhões para 2,3 milhões). Hoje, esse impacto foi completamente absorvido e a indústria tem até mais Emprego do que antes da intervenção (2,5 milhões).
3. Foram utilizados mecanismos de mercado
As decisões foram transparentes para todos os intervenientes e para os contribuintes. A Administração manteve as Empresas cotadas em Bolsa, com toda a divulgação de informação que tal implica. Para além disso, forçou as Empresas a pedirem protecção de credores ao abrigo da lei das falências Americanas (Chapter 11) para que toda a reestruturação fosse feita de uma forma clara e transparente para todos.
4. Mudança na gestão
Apesar das Empresas do sector automóvel terem entrado em dificuldades devido à crise, havia consciência de que precisavam de melhorar a sua estrutura de gestão. Consequentemente, a entrada do Estado significou a substituição de grande parte das equipas de gestão das Empresas intervencionadas.
5. Tudo foi feito muito rapidamente
Nas palavras de Lawrence Summers: "esta intervenção tem de ser o inverso do Vietnam: 'committment' mínimo para sair o mais rapidamente possível". O caso mais paradigmático foi a Chrysler, em que o Estado entrou em 2008 e saiu em meados de 2010, 6 anos antes do previsto!
Desafio os leitores a encontrarem semelhanças entre a intervenção dos EUA no sector automóvel e a intervenção do Estado em qualquer Empresa pública (podem pegar nos exemplos do "post", TAP, RTP e CGD).
4. Mudança na gestão
Apesar das Empresas do sector automóvel terem entrado em dificuldades devido à crise, havia consciência de que precisavam de melhorar a sua estrutura de gestão. Consequentemente, a entrada do Estado significou a substituição de grande parte das equipas de gestão das Empresas intervencionadas.
5. Tudo foi feito muito rapidamente
Nas palavras de Lawrence Summers: "esta intervenção tem de ser o inverso do Vietnam: 'committment' mínimo para sair o mais rapidamente possível". O caso mais paradigmático foi a Chrysler, em que o Estado entrou em 2008 e saiu em meados de 2010, 6 anos antes do previsto!
Desafio os leitores a encontrarem semelhanças entre a intervenção dos EUA no sector automóvel e a intervenção do Estado em qualquer Empresa pública (podem pegar nos exemplos do "post", TAP, RTP e CGD).
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