quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Rui Moreira - Resposta da Alice a Joaquim Jorge


Joaquim Jorge, fundador do Clube dos Pensadores, escreveu um artigo de opinião no Público de 12/02/2013 sobre a candidatura de Rui Moreira à Câmara Municipal do Porto.

Apesar de o artigo ser até genericamente favorável para a persona de Rui Moreira, que o autor conhece pessoalmente há vários anos (ao contrário da Alice), contém um conjunto de pressupostos e opiniões que são fantasiosos e que deturpam aquilo que é a vivência livre e plena da democracia pelos cidadãos em geral e por Rui Moreira em particular.

Ninguém duvida, julgo que nem Joaquim Jorge, que Rui Moreira tem um pensamento político, emite opiniões políticas e exerce política todos os dias da sua vida e em todos os “palcos” que o autor enumera.

Avançar para uma candidatura à Câmara do Porto é não cair na demagogia daqueles que fazem política sob um pretenso manto diáfano de membros da “sociedade civil” e de “não políticos”. Ir a jogo é um acto de coragem por isso mesmo; é discutir as suas ideias abertamente, sujeitar-se ao escrutínio do público em vez de se remeter aos comentários em surdina nos corredores obscuros do poder.

Joaquim Jorge alega que a candidatura de Rui Moreira será financiada por Artur Santos Silva (presidente do BPI). Não conheço pessoalmente Rui Moreira mas conheço relativamente bem o Dr. Artur Santos Silva (trabalhei no BPI). Sem prejuízo do apoio ou simpatias partidárias do mesmo, nunca o vi (nem a ele nem ao BPI) a financiar campanhas políticas, quaisquer que elas sejam, locais, regionais, nacionais ou de outro âmbito.

Diz ainda, de forma exageradamente paternalista, que a candidatura de Rui Moreira tem condições para ter um bom desempenho, mas não para ganhar. Nas suas palavras terá “um score à volta 10%, tirando votos a L.F.M…”. Nesta linha de raciocínio, alega que as elites não chegam, que é preciso muito povo.

A ver vamos… Ninguém se deve arrogar da capacidade de vislumbrar ou sentir mais a pulsação do povo do que os demais (não raras vezes enganam-se). O povo vai demonstrar a sua capacidade de avaliação. No entanto, a Alice não resiste a recordar o desprezo com que a primeira candidatura de Rui Rio foi recebida e o vaticínio semelhante a que foi remetida por alguns ilustres pensadores da cidade.

Agora, se toda a gente se candidatasse a cargos políticos para ganhar e se acobardasse quando as probabilidades de vitória são desfavoráveis teríamos um regime unívoco sem direito a contraponto e a um equilíbrio mínimo de poderes (a oposição, ou a parte derrotada, também faz parte dos “checks and balances” de que qualquer democracia necessita para viver).

Seguindo esse raciocínio, nunca teríamos candidatos do PCP, do BE e de outros a nada, nunca teríamos candidatos Presidenciais a lutar contra Presidentes em exercício, etc. Quantas vezes é que Francisco Sá Carneiro perdeu em política (até dentro do seu próprio partido)? Quantas vezes travou batalhas perdidas à partida? Será preciso relembrar o que é que ele ia fazer ao Porto no dia do fatídico acidente? Ia participar num comício de apoio à candidatura presidencial da Soares Carneiro, um candidato que todos davam como derrotado!...

Dos vários “óbices evidentes” que aponta apenas parece ressaltar o facto de poder “obstar a que L.F.M. tenha o maior número de votos possível”. Parece-me que faz sentido e que é um óbice muito menor do que o óbice fundamental que L.F.M. exibe: o de não saber se a sua candidatura é legal ou ilegal.

O autor do referido artigo acha que Rui Moreira já tem palco e mediatização que chegue, como se toda a gente estivesse na política pelo palco que possa ter! A Alice entende que o que faz falta na política é precisamente haver pessoas que não precisam dela para ter palco, pessoas que já são bem sucedidas por si e pelo seu percurso pessoal e profissional e que se dedicam ao serviço público como forma de servir o próximo, a sua cidade e o seu País.

Teme o autor que Rui Rio desperdice o capital político, social e humano que alcançou. A Alice não vislumbra porque o perderá. Perder eleições não é perder o carácter. Não lutar pelos seus ideais, pelo seu povo e pela sua cidade é.

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