Joaquim Jorge, fundador do Clube
dos Pensadores, escreveu um artigo de opinião no Público de 12/02/2013 sobre a
candidatura de Rui Moreira à Câmara Municipal do Porto.
Apesar de o artigo ser até
genericamente favorável para a persona
de Rui Moreira, que o autor conhece pessoalmente há vários anos (ao contrário
da Alice), contém um conjunto de pressupostos e opiniões que são fantasiosos e
que deturpam aquilo que é a vivência livre e plena da democracia pelos cidadãos em geral e por Rui Moreira em particular.
Ninguém duvida, julgo que nem
Joaquim Jorge, que Rui Moreira tem um pensamento político, emite opiniões
políticas e exerce política todos os dias da sua vida e em todos os “palcos”
que o autor enumera.
Avançar para uma candidatura à
Câmara do Porto é não cair na demagogia daqueles que fazem política sob um
pretenso manto diáfano de membros da “sociedade civil” e de “não políticos”. Ir
a jogo é um acto de coragem por isso mesmo; é discutir as suas ideias
abertamente, sujeitar-se ao escrutínio do público em vez de se remeter aos
comentários em surdina nos corredores obscuros do poder.
Joaquim Jorge alega que a
candidatura de Rui Moreira será financiada por Artur Santos Silva (presidente
do BPI). Não conheço pessoalmente Rui Moreira mas conheço relativamente bem o
Dr. Artur Santos Silva (trabalhei no BPI). Sem prejuízo do apoio ou simpatias
partidárias do mesmo, nunca o vi (nem a ele nem ao BPI) a financiar campanhas políticas,
quaisquer que elas sejam, locais, regionais, nacionais ou de outro âmbito.
Diz ainda, de forma
exageradamente paternalista, que a candidatura de Rui Moreira tem condições
para ter um bom desempenho, mas não para ganhar. Nas suas palavras terá “um score à volta 10%, tirando votos a L.F.M…”.
Nesta linha de raciocínio, alega que as elites não chegam, que é preciso muito
povo.
A ver vamos… Ninguém se deve
arrogar da capacidade de vislumbrar ou sentir mais a pulsação do povo do que os
demais (não raras vezes enganam-se). O povo vai demonstrar a sua capacidade de
avaliação. No entanto, a Alice não resiste a recordar o desprezo com que a primeira
candidatura de Rui Rio foi recebida e o vaticínio semelhante a que foi remetida
por alguns ilustres pensadores da cidade.
Agora, se toda a gente se
candidatasse a cargos políticos para ganhar e se acobardasse quando as
probabilidades de vitória são desfavoráveis teríamos um regime unívoco sem
direito a contraponto e a um equilíbrio mínimo de poderes (a oposição, ou a
parte derrotada, também faz parte dos “checks and balances” de que qualquer
democracia necessita para viver).
Seguindo esse raciocínio, nunca
teríamos candidatos do PCP, do BE e de outros a nada, nunca teríamos candidatos
Presidenciais a lutar contra Presidentes em exercício, etc. Quantas vezes é que
Francisco Sá Carneiro perdeu em política (até dentro do seu próprio partido)?
Quantas vezes travou batalhas perdidas à partida? Será preciso relembrar o que
é que ele ia fazer ao Porto no dia do fatídico acidente? Ia participar num
comício de apoio à candidatura presidencial da Soares Carneiro, um candidato
que todos davam como derrotado!...
Dos vários “óbices evidentes” que
aponta apenas parece ressaltar o facto de poder “obstar a que L.F.M. tenha o
maior número de votos possível”. Parece-me que faz sentido e que é um óbice
muito menor do que o óbice fundamental que L.F.M. exibe: o de não saber se a
sua candidatura é legal ou ilegal.
O autor do referido artigo acha que
Rui Moreira já tem palco e mediatização que chegue, como se toda a gente
estivesse na política pelo palco que possa ter! A Alice entende que o que faz
falta na política é precisamente haver pessoas que não precisam dela para ter
palco, pessoas que já são bem sucedidas por si e pelo seu percurso pessoal e
profissional e que se dedicam ao serviço público como forma de servir o próximo,
a sua cidade e o seu País.
Teme o autor que Rui Rio desperdice
o capital político, social e humano que alcançou. A Alice não vislumbra porque
o perderá. Perder eleições não é perder o carácter. Não lutar pelos seus
ideais, pelo seu povo e pela sua cidade é.
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