terça-feira, 10 de setembro de 2013

O combate na Educação Militar


A Alice pouco percebe de militares, guerras e sobre o seu ensino e metodologias pedagógicas.

No entanto, não alinha no populismo fácil daqueles que criticam os passeios a cavalo e as aulas de esgrima.

Tampouco faz sentido centrar o debate no custo anual por aluno que, diz-se, anda pelos €9.000/ano; quanto custará um aluno de medicina ou um dos alunos que frequentam os vários cursos que têm meia dúzia de discentes (sim, porque os há, como também há 66 cursos sem alunos: qual é o custo por aluno destes cursos?…)?

Se acreditamos que é necessário ter forças armadas (e a Alice acredita que sim), também temos que acreditar que é necessário ter uma educação de qualidade da sua elite. A carne para canhão é importante, mas não ganha guerras!...

O que realmente faz confusão à Alice é a forma que o debate sobre as reestruturações no ensino militar tem assumido. Não é muito comum que esse debate seja feito através de dispendiosos anúncios publicitários.

A Associação de Antigos Alunos do Colégio Militar não concorda com as reestruturações e então decidiu colocar nas televisões um anúncio em que várias personalidades (ex-alunos) perguntam: ”Porquê?”. Os anúncios não são nada elucidativos sobre o que se passa no Colégio Militar, porque é que os ex-alunos estão contra a reestruturação e quais as suas propostas para o ensino militar.

Apesar do respeito que a Alice tem por todos os protagonistas do anúncio (muito em particular pelo grande Adriano Moreira) esta forma de protesto pouco contribui para esclarecer os cidadãos (e, mais importante, os contribuintes) e nada acrescenta de valor à discussão. Deixa no espectador o sabor amargo de estar a assistir a (essa coisa tão portuguesa) uma tentativa de um grupo de interesse de influenciar decisões políticas (ou decisões de políticos).

Tanto quanto a Alice percebeu, a tal reestruturação passa por fundir o Colégio Militar com o Instituto de Odivelas e com o Instituto dos Pupilos do Exército. Isto levará a alterar o regime de ensino (interno vs. Interno), passar a ter meninas (o Instituto de Odivelas é feminino) e mais algumas alterações que a Alice não tem capacidade de alcançar.

A Alice não sabe se estas mudanças são para melhor ou não. Mas tem um desafio a propor à Associação de Antigos Alunos do Colégio Militar. Em vez de fazerem anúncios incompreensíveis para destinatários duvidosos, porque não proporem ao Estado assumir a gestão de todo o ensino militar? Poderiam contratualizar com o Estado um determinado nível de apoios (que, obviamente, teria que incorporar as poupanças que o Estado necessita) e exigir total autonomia pedagógica para gerir o sistema de ensino militar.

Os cidadãos, os contribuintes, os militares e os políticos agradeceriam. O que o País precisa é que os que criticam se responsabilizem e comprometam com soluções, sobretudo quando fazem parte da elite nacional…

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