segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Sentimentos das eleições autárquicas


Depois de uma noite com as emoções à flor da pele, os principais sentimentos que a Alice viveu ao longo da mesma foram os seguintes:



Vitória – retumbante para Rui Moreira, quando há 6 meses uma franja de políticos, comentadores, iluminados e afins considerava que esta candidatura não tinha qualquer hipótese de sucesso; esperada para António Costa, que até o cenário da “coroação” já tinha montado ao detalhe; recompensadora para o PC, que “teima” em canalizar muito voto descontente à esquerda; silenciosa para Rui Rio, que ainda voltará para assombrar as elites políticas nacionais à direita (e, quem sabe, à esquerda).

Derrota – prevista para Pedro Passos Coelho, que não soube definir uma estratégia clara para estas eleições, a começar na selecção de candidatos (que ora podiam, ora não podiam candidatar-se) e a acabar no modo desajeitado com que andou a apanhar bonés no final de campanha; disfarçada para António José Seguro, que não conseguiu “descolar” em número de votos de PSD+PP e que não capitalizou politicamente com o aumento do número de câmaras conquistadas; estrondosa para o BE, que não consegue ser o partido da indignação e que demonstra gravitar num mundo tão carregado de ideais preconceituosos quanto distante da vida concreta das pessoas.

Preocupação – a abstenção continua a ser o verdadeiro cancro da democracia portuguesa. Mesmo no Porto, em que a luta foi muito acesa (e ao contrário do que a movimentação nas secções de voto denunciava), a abstenção subiu novamente (+/- de 43% para 47%). O vencedor teve pouco mais de 40.000 votos (menos de 20% dos eleitores registados). Qualquer dia, o estádio do Dragão cheio decide qual o próximo Presidente de Câmara…

Ridículo – a cobertura jornalística desta campanha, que não informou, não esclareceu e abdicou do seu papel de escrutinador de ideias e propostas dos candidatos mais relevantes, tudo justificado pelo cumprimento da lei. Por outro lado, a lei não evitou que alguns órgãos de comunicação social tenham tentado, ainda que de forma canhestra, míope e protegida por interesses obscuros, influenciar o resultado final das eleições.

Vergonha – para aqueles que acham que as candidaturas independentes serão agora o elixir sagrado para salvar a nossa democracia, Oeiras deu um triste exemplo do mal que uma candidatura independente do “vale tudo” pode fazer. Um observador menos conhecedor poderia argumentar que se tratou de um caso isolado, numa zona desterrada em que as pessoas não são formadas e que sentem desprezo face ao centralismo de um País macrocéfalo. Todos sabemos que nenhuma destas explicações colhe… Também há caciquismo nos “independentes”…

Orgulho – No Porto que elegeu Rui Moreira. Ficou quase tudo dito no brilhante discurso de derrota de Manuel Pizarro (que teve a hombridade de assumir que cumprirá o seu mandato), só por si motivo de grande orgulho para qualquer portuense! No Porto mandam os portuenses, contra todos os comentadores, políticos “nacionais”, cantos de sereia, interesses, etc., etc. Rui Moreira não tinha nada a provar a ninguém. Como se viu tinha até muito a perder, com as acusações sem fundamento nem culpa formada de que foi sendo alvo. Aguentou estoicamente até ao fim. Ontem pareceu fácil, mas só ele saberá o quanto não foi. A vitória é toda dele e dos principais artífices da sua campanha… e bem merecida!

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