A Alice faz parte do grupo que prefere não extrapolar os resultados das eleições autárquicas para o plano nacional.
Em todo o caso, há lições que se podem tirar sobre o actual estado de coisas e sobre o resultado concreto das eleições. E as principais lições são as seguintes:
a. as pessoas demonstram cansaço com o regime político (estamos a chegar ao ponto em que são mais as que não votam do que as que votam);
b. as pessoas desconfiam dos partidos (daí o aumento de independentes, que deverá ser uma tendência para ficar);
c. e, um corolário das duas anteriores: as pessoas votam mais nas pessoas do que nos partidos e votam, cada vez mais, no menos mau (criando uma cultura de “mínimo denominador comum” que vai arrastando a qualidade média de quem exerce cargos políticos para baixo).
Num País normal seria chegada a hora de discutir o regime político de uma forma séria.
Aqui fica o contributo da Alice para essa discussão:
1. separação clara entre partidos políticos e governos (os membros do Governo seriam obrigados a deixar toda e qualquer actividade partidária);
2. limitação de mandatos Governamentais (a Alice sugere um máximo de 2);
3. eleições nos partidos para candidato a primeiro-ministro (obrigatoriamente diferente do secretário-geral do partido) à semelhança das primárias Americanas, sendo que independentes seriam autorizados a candidatar-se e a votar nessas “eleições internas”;
4. redução do número de deputados na Assembleia da República de 230 para 100 ou 150, sendo que a totalidade ou, pelo menos, uma parte passariam a ser eleitos com base em círculos uninominais (i.e. os eleitores elegeriam directamente os seus representantes e não uma lista). Desta forma os directórios partidários deixariam de controlar a Assembleia e as pessoas poderiam eleger “independentes” como seus representantes directos;
5. aproveitar esta “onda” para rever a Constituição de uma vez para todas, no sentido de a simplificar e tornar mais maleável nas questões conjunturais, sem beliscar as questões dos princípios e valores fundamentais.
Nada disto é novo, mas se não aproveitarmos este momento de dificuldades extremas do País para colocar estas questões em cima da mesa, a Alice teme que nunca o faremos em enquadramento pacífico.
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