sexta-feira, 4 de outubro de 2013

PT / OI uma questão patriótica?


A Alice tem acompanhado (não sem uma pequena dose de escárnio) as diatribes que têm sido alvitradas sobre a fusão (ou compra, como lhe queiram chamar) da OI e da PT.

Fala-se abundantemente dos centros de decisão nacional! Como se nós tivéssemos capital para os sustentar (não temos, veja-se casos como Cimpor, ANA, EDP,…)! Como se estes não tivessem mais que ver com as pessoas e as suas competências (essas sim, é que é importante cá ficarem e que todos os dias emigram por não terem alternativas cá dentro) do que propriamente com as empresas e o seu capital! Como se o País não estivesse, todo ele, subjugado a vários interesses que de nacional têm muito pouco!

Fala-se sobre os impostos que a PT paga ou deixará de pagar! Como se a PT já não tivesse estruturas fiscais que lhe permitem hoje minimizar a sua factura fiscal (global e nacional, pois claro)! Como se a concorrência entre as empresas não se fizesse hoje também ao nível fiscal (perguntem ao Governo Americano se gosta que as suas principais empresas deixem vastos recursos na Europa por aí terem vantagens fiscais – vide Irlanda)!

Fala-se de venda aos brasileiros! No entanto, como bem sublinhou Pedro Guerreiro, os brasileiros dizem o contrário, que a PT é que será a maior accionista com 40%!

Fala-se na ambição de Zeinal! Como se não houvessem accionistas (alguns porventura com as suas próprias necessidades de capital)! Como se as alternativas estratégicas para o crescimento (ou mera sobrevivência) da PT fossem infinitas!

A questão fulcral não é nenhuma destas!

A realidade é que o negócio de telecomunicações tornou-se hoje um negócio global (à semelhança, por exemplo, do automóvel). Não é possível competir localmente num negócio que é global e em que os principais “players” são globais.

Nas 10 maiores empresas do mundo de telecomunicações encontra-se a Vodafone, por exemplo (também instalada cá no burgo). A Vodafone opera em mais de 30 países. A sua sede é no Reino Unido, mas só 42% do capital é inglês (a América tem 31% e o resto da Europa 12%).

Para aqueles que argumentam que essa é anglo-saxónica, é uma cultura diferente, peguemos então na Deutsche Telekom (Alemã). Opera em mais de 50 países e os accionistas alemães totalizam apenas… 35% do capital (resto da Europa tem 25% e Reino Unido tem 17%).

Para aqueles que argumentam que isso é só no norte da Europa, atentem na guerra fratricida entre Telefónica e Telecom Itálica que, no final do dia, vai dar directamente (também) ao Brasil!

Não, meus amigos, a operação OI /PT não foi uma opção, foi uma inevitabilidade. É a única que garante algum futuro à PT, aos seus accionistas e aos seus quadros! Não a fazer era condenar à PT ao declínio que inevitavelmente adviria da exiguidade do mercado Português!

Tomáramos nós que outras empresas, noutros sectores, pusessem o seu orgulho de lado, parassem de olhar apenas para o seu próprio umbigo e promovessem consolidações empresariais a sério. A Alice tem-se fartado de defender que, no momento em que vivemos, as empresas devem juntar-se, fundir-se, criar empresas maiores, mais competitivas, com maior capacidade de singrar (cá dentro e lá fora) e de remunerar bem accionistas, trabalhadores, clientes e fornecedores.

Orgulhosamente sós não é o caminho! Que a PT / OI sirva de exemplo!

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